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quarta-feira, 29 de outubro de 2014

O futuro dos negócios digitais no Brasil

Áreas que antigamente eram domínios naturais de algumas indústrias, não são mais territórios com propriedade definida. A descontinuidade provocada pelo meio digital representa verdadeiras oportunidades de negócios.
A internet acaba de completar 15 anos no Brasil e muitos podem se perguntar porque não vimos o nascimento de um Google ou Facebook no Brasil. As razões são muitas, mas o mais importante para nós aqui, não é o porquê não aconteceu, mas os elementos que estão presentes hoje que podem traçar um futuro muito interessante de oportunidades pela frente.

Acredito que os próximos 5 anos serão muito mais intensos no digital que os últimos 15. A internet tem ganhado finalmente massa crítica no Brasil, com cerca de 80 milhões de usuários, o número de celulares superando o número de habitantes, e a publicidade digital começando a ganhar relevância nos modelos de negócios digitais. Ainda assim, estamos próximos a um ponto de inflexão para a aceleração de crescimento, mas nada que nos permita repetir a falta de racionalidade da bolha inicial da internet. Estamos, sim, no momento em que grandes ideias, com sólidos conceitos e modelos de negócios, representarão uma oportunidade única de criar grandes empreendimentos digitais no nosso país.
New Call-to-ActionO digital hoje, representa mais do que nada, grandes descontinuidades nas indústrias, o que são para mim sinônimos de oportunidades. Na minha experiência, o big picture, dessas oportunidades se encontram na confluência de 3 indústrias, outrora separadas, agora unidas umbilicalmente por grandes áreas cinzas, ou “terra sem dono”: são as indústrias de Telecom, Mídia e Entretenimento (Comunicações) e Tecnologia. Áreas que antigamente eram domínios naturais de algumas indústrias, não são mais territórios com propriedade definida (natural owners).
Vamos a alguns exemplos. Antigamente, para se criar um jornal ou uma revista, era necessário uma grande redação, um parque gráfico, uma rede de distribuição e anos de opinião e credibilidade. Sem que a credibilidade em si tenha ficado fora de moda, a parte de custos fixos de gráfica e distribuição, além do variável do papel, são desnecessários ao se lançar um jornal para tablets. Ou seja, a barreira de entrada para publicações digitais hoje é muito reduzida, de forma que o grande diferencial fica restrito a grandes ideias e conteúdos e sua apresentação digital.
Outro exemplo gritante é o destino da publicidade. Ainda que, no Brasil, a fragmentação publicitária seja muito menor que nos E.U.A., ou Reino Unido, é impressionante como as grandes empresas de comunicação já não podem contar com que esse “revenue stream” esteja garantido para os próximos 5-10 anos, sem que se aventurem nos negócios digitais. Portanto, aí surgem mais oportunidades para novos empreendimentos nas áreas de tecnologia e mobilidade, para capturarem parte desse fluxo de investimentos de marketing.
Mais um ponto importante é a fragmentação da cadeia de valor nesses negócios. Por exemplo, antigamente a companhia telefônica lhe fornecia um serviço , cobrava por ele e pronto, tudo terminava por aí. Hoje, por vezes ela fornece um “tubo” com banda larga, sobre o qual um serviço de vídeos é entregue por um segundo player (ex: Netflix, Hulu), e cobrado por um terceiro (ex. PayPal, Google Check-out).
Em resumo, existe um mundo de oportunidades para empreendedores nesse novo ecossistema de Tecnologia, Telecom, Mídia e Entretenimento. As oportunidades vão desde a criação de aplicativos e games para smartphones e tablets, soluções corporativas para os mesmos devices, meios de pagamento, novas revistas, jornais digitais segmentados, entrega de conteúdo digital, substituição do papel, substituição das bancas de jornais... E sem perder de vista o e-commerce, m-commerce, t-commerce, e tudo isso envolto pelas tendências já comprovadas de grupos, comunidades e redes sociais.
Agora, com esse enorme leque de oportunidades, surgem os desafios. Entre eles, dois fundamentais: o foco e a racionalidade. Os investidores de hoje aprenderam com a bolha e não devem repetir a insanidade daqueles anos. Portanto, aos candidatos a empreendedor digital, um bom foco, com uma clara visão do negócio, provavelmente acompanhado por um bom protótipo, são hoje fundamentais para se separar o joio do trigo entre as inúmeras idéias que passam pela frente de um investidor semanalmente.
Outro desafio importante na minha experiência foi a preparação de todos (equipe e investidores) para sobreviver a tempos de maturação do negócio mais longos que o previsto. Muitas idéias fantásticas, com planos de negócio redondos, naufragaram ,por exemplo, na demora da maturação do mercado publicitário digital. Portanto, gerenciar expectativas e ter fôlego para uma decolagem mais lenta, podem ser make-or-break em uma start-up digital.
Por último, dizem que uma pitada de sorte é necessária nesse mundo digital de altíssima velocidade. Pois bem, um amigo me disse um dia que a Sorte tem quatro componentes: Inteligência, Economia, Esforço e Coragem. Acho que esse tipo de sorte, todos os empreendimentos de sucesso realmente precisaram.
André Bianchi Monte-Raso é especialista em estratégia, start-ups e desenvolvimento de negócio, consultor de grandes grupos de mídia, tecnologia e Telecom.
Visite o site: http://www.endeavor.org.br/artigos/operacoes/tecnologia-internet-negocios-online/o-futuro-dos-negocios-digitais-no-brasil  

6 comentários:

  1. Em uma geração que vive a 15 anos acostumada com a grande velocidade da informação e mudanças no meio em que habitam, é de se esperar que sujam novas idéias e ações no meio empresarial. Sites de venda online, sites de relacionamento e jornais que migraram para a vida virtual são apenas visões de hábitos do mundo externo para a internet: hoje tudo pode estar conectado ao seu computador, você pode trabalhar de casa, fazer compras sem sair do conforto da sua sala, fazer amizades sem se expor a festas ou a ambientes que não lhe agradam, ler o jornal de maneira rápida e receber informações em tempo real no feed do seu smartphone. Toda a tecnologia pretende facilitar a vida do ser humano, e é de se esperar que cada vez mais pessoas com a visão sensível para a resolução dos problemas do homem moderno apareçam e criem maravilhosas novidades no mercado digital.

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  2. As mudanças no mundo empresarial, que hoje estão muito mais presentes na internet, surgem não apenas para atender às necessidades do homem moderno, mas principalmente para criar novas demandas de consumo e satisfação do "eu". A internet vem influenciando as nossas maneiras de se relacionar e de consumir. E para sobreviver no mercado empresarial, não basta ter inteligência,economia, esforço e coragem. É preciso ter criatividade para não ser mais um no meio de um turbilhão de criações tecnológicas que se renova constantemente.

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  3. Em um mundo globalizado, as pessoas podem muito além do que se comunicarem, elas compartilham ideias, conteúdos em tempo real, constroem projetos em conjunto com pessoas que jamais viram pessoalmente, conhecem países e culturas diferentes dos seus sem sequer sair do seu quarto.. E é esse bombardeamento de informações e oportunidades que enriquece os usuários de rede constantemente, permitindo que os mesmos tenham o mundo em suas mãos.

    Com isso, o mercado tem se tornado mais exigente e os investidores seguem esta mesma linha. Ideias brilhantes não faltam, se destacar nessa multidão é uma tarefa árdua e para poucos, portanto o que vemos é uma corrida por visibilidade e serão poucos os que concluirão com êxito essa prova. Nota-se que antes bastava ter uma ideia boa e alguém que embarcasse na sua maluquice, hoje, cada vez mais, faz-se necessário ter ideia formada e fundamentada, conhecer seu público, seus concorrentes e o mercado, reconhecer vantagens e desvantagens e saber como irá lidar com as mesmas, prever possíveis obstáculos e saber de antemão como superá-los, entre outras coisas, e de preferência ter um protótipo do seu produto ou serviço como já disse o autor. Para assim, quem sabe, ter a chance de ser visto por um investidor no meio desse mar de ideias que brotam nas mentes da juventude insaciável que temos, a qual tem sede de conhecimento e que, assim como você, procura um diferencial para suas ideias

    Nossa colega Lidyane foi muito feliz ao dizer que, além dos requisitos formadores do fator sorte já citados pelo autor, é preciso ser criativo. Criatividade talvez tenha sido o critério mais explorado pelos investidores para distinguir ideias e eleger as melhores. Todavia os próximos 15 anos nos trarão muitas surpresas e em uma velocidade jamais vista antes. Resta saber se criatividade se manterá como peculiaridade de grandes ideias ou se será tão comum e presente a ponto de não poder mais ser utilizada como "ferramenta de busca” dos investidores.

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Apesar de muitos discutirem que, hoje, as tecnologias estão mais acessíveis, nas quais podemos compartilhar e produzir ideias e conhecimentos dos mais variados, nem sempre o cenário foi assim. Boa parte desse empreendedorismo digital que temos atualmente foi facilitado pelo avanço e otimização da interface gráfica de diversos programas, atrelado também pelo acesso e barateamento das chamadas novas tecnologias da informação e comunicação (TIC), como o computador pessoal e o smartphone, e à internet. O advento das TICs transformou o desenvolvimento da economia mundial e difundiu uma nova forma de relacionamento da sociedade em rede, isso nós já sabemos.

    Mas o que muitos não sabem é que na década de 1980, boa parte da produção relacionada à Internet e TICs ainda estava centrada em nichos, principalmente os especialistas em códigos binários - os informatas. Quando outros profissionais, como designs e comunicadores, passam a participar do processo de criação de ferramentas e plataformas a situação começa a mudar. A conhecida "Guerra dos Navegadores", travada pela Windows, com o seu "Internet Explorer", e a Netscape, com o seu revolucionário "Navigator" (responsável por popularizar e anunciar a era da Internet no mundo, fruto do "Mosaic", o primeiro navegador gráfico da web que deixou vários descendentes), mostrou o quanto o público precisava se familiarizar e reeducar com essas nova mídia; torná-la mais fácil de usar e mais intuitiva era o desafio. Acredito que esse momento tenha sido um divisor de águas em relação ao que se produz para ser consumido na rede, agora cada vez mais preocupado com a experiência e interação do consumidor com os produtos.

    Para empreender, aliado ao processo criativo mencionado pela Lidyane e nos componentes de sorte citados pelo autor, é preciso, também, desenvolver produtos focados na experiência e na experimentação do seu público alvo, apresentando novas possibilidades de entretenimento. E topo o processo deve ser pensando nos consumidores, formadores dos alicerces das comunidades das empresas, por meio deles é que se deve evoluir e aprimorar softwares e ferramentas.

    Por fim, essa é a receita de toda boa empresa que trabalha no mercado contemporâneo e que depende do público para progredir, priorizando a usabilidade do usuário, a exemplo do Google e da Riot Games, desenvolvedora do título League of Legends, o mais lucrativo e mais jogado do mundo.

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  6. Hoje consigo ver infinitos caminhos que a internet juntamente com a evolução de tecnologias, como os aparelhos de celular, tablete, e computadores fornecem para o crescimento de negócios digitais no brasil. Isso dá aos profissionais da área de publicidade, por exemplo, oportunidade e espaço para inovar através de novas plataformas como o youtube.

    E toda essa evolução tecnológica transforma a antiga organização: produtor de informação –> consumidor de informação. Hoje somos todos produtores de informação, e por conta das redes sociais essa informação é divulgada cada vez mais rápida. Devemos saber como se trabalhar e se utilizar de todas essas mudanças na maneira que comunicação acontece agora, aprender a seguir o novo ritmo.

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